quinta-feira, 31 de maio de 2007

. parece, mas nao eh .

ontem, tarde da noite, eu tava assistindo televisao com o volume no zero pra nao acordar o A.
"On the Lot".
a apresentadora chama dois dos concorrentes - um rapaz e uma moca - e faz aquele suspense basico antes de anunciar quem vai pra casa e quem continua concorrendo. la pelas tantas dao um close no rapaz, que faz uma cara de "ai, ainda bem" e este volta a sentar junto com os outros concorrentes. beleza, ele ganhou. aih a moca continua no palco, sorridenterrima, jogo de luz por toda parte, os juizes falando coisas para ela, muitos aplausos. opa, nao, ela ganhou.

(nao esqueca que a tv estava muda e eu, por minha vez, tava tentando descobrir afinal, quem tinha sido classificado)

close novamente no rapaz com cara de alivio, recebendo parabens dos coleguinhas. hmm, nao, acho que foi ele. close no sorriso congelado da moca, nao, foi ela!, ateh que a tal moca da meia-volta e tenta achar a saida do palco no meio de tanta luz e brilho. eh, foi ele.

ja tinha visto a mesma cena inumeras vezes em outro shows - com audio - e sempre achei que tinha alguma coisa esquisita. ontem descobri o que era. a linguagem corporal do povo que era desclassificado nao combinava com o estado emocional da situacao.

mas peraih. desde quando ficou combinado que quem perde tem que fazer aquela cara de felicidade?

parei um minuto pra pensar sobre o assunto e fiquei chocada ao perceber que, sim!, essa marmota vem acontecendo ha algum tempo. lembrei de "American Idol": uma mocinha vai la no centro do palco, canta, canta, grita, peleja e no fim, quando simon cowell diz minha filha, voce eh mais desentoada que um peido dentro d'agua, a criatura vai responder thank-youuuu por entre dois metros e meio de labios escancarados em gloss-purpurina.

comassim thank-youuu?? thank you pelo que? por ter sido desancada em rede nacional mundial?

desde quando isso se tornou a norma? e por que?

a. tudo nao passaria de negacao violenta do tipo "isso nao estah acontecendo"?
b. aquilo tudo faz parte de um pesadelo horroroso e malvado e na proxima vez que eles piscarem o olho - e como eles piscam! - vao acordar?
c. serah que eles pensam que se expressarem tristeza - o que seria absolutamente natural - vao ser chamados de mimados/desequilibrados emocionalmente/infantis?
d. serah que eles acham que se continuarem sorrindo os juizes vao ter pena e dar uma segunda chance?
e. ou ainda, serah que eles pensam que estao sendo vitimas de uma pegadinha do joao kleber e daqui a pouco alguem entra no palco dizendo ra-rai, era tudo brincadeira?

ah, francamente.
perder eh muito chato e ninguem gosta. perder com classe eh uma arte dificil de ser dominada, mas, de acordo com o meu livro, nao ta escrito em lugar nenhum que eu tenho que me mostrar esfuziante com a derrota. tambem nao eh o caso de abrir o berreiro e chorar a bandeiras despregadas, mas purra, ha que se ter um pouco de dignidade e contricao, e nao ameacar dar pulinhos de alegria.

aih eh aquilo, ne? continuei a matutar sobre o assunto, tentando encontrar a logica absurda dessa nova etiqueta e lembrei de outra coisa bizarra: apos uma performance - que pode ser cantar, cozinhar, dancar, enfiar o maior numero de bolas de gude na boca - o candidato/concorrente infalivelmente irah dizer que se divertiu muito fazendo aquilo. os juizes bonzinhos, tipo paula abdul, irao fazer coro e dizer sim, o mais importante eh que voce estava se divertindo.

bullshit. mentira. quem inventou isso tambem?

ninguem entra num concurso pra se divertir. quer se divertir? saia com os amigos, brinque com o gato, leve seu filho no jardim zoologico, assista uns dvds comendo pipoca com o namorado.
competicoes sao altamente estressantes, meu bem, nao sao "funny" de jeito nenhum.

outra constatacao: os participantes de um concurso nao estao la para satisfazer a si proprios e sim a outrem, que pode ser o publico ou um numero de pessoas que vao julgar se o desempenho deles agradou ou nao. claro que quanto mais fodao eles forem e quanto mais a vontade eles estiverem, maiores sao as chances de tudo acabar bem, mas em ultima instancia, eles estao la para agradar e nao para serem agradados.

alguem certamente discordarah dos meus profundos achados filosoficos argumentando que todo verdadeiro artista busca a auto-satisfacao, blablabla. eu digo que todo artista - com ou sem talento - eh narcisista e tem mais sede de aprovacao alheia do que a media de habitantes desse planeta.
isso tudo sem mencionar os aspectos praticos e comezinhos da tao sonhada e perseguida "vida artistica". mesmo em se tratando de artistas com carreiras solidas, seria muita ingenuidade acreditar que toda vez que a madonna ou o cantor da churrascaria da esquina (cantor de churrascaria eh uma carreira solida como uma rocha, meu povo!) pisam no palco estao la para se auto-satisfazer tao somente. claro que nao, eh humanamente impossivel, vai ter dias que eles vao preferir estar fazendo qualquer outra coisa na face da terra a estar la, repetindo a mesma coisa pela milesima vez, mas c'est la vie, contratos existem eh pra isso mesmo e nao adianta entrar em negacao (de novo?) e se lixar para o que os outros vao pensar, afinal *eu* me diverti. isso sim, eh tremendamente infantil, emocionalmente desequilibrado e mimado.
sexta-feira, 25 de maio de 2007

. cores cores e penduricalhos .


nao sao lindas?
pena que sao looongas. ou eu sou cuuurta.
fato eh que da quase pra usar como um vestido tomara-que-caia.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

. shake your booty .

dia desses senti um terremoto. assim, nao foi um terremoooooto, mas foram duas tremidinhas que chacoalharam a cadeira enquanto eu mandava um email.

nunca corri tao rapido na minha vida.

pra onde? pra um dos cantos das paredes internas do quarto. sim, eu sou uma criatura precavida. antes de virmos pra ca eu cuidei de pesquisar sobre a area e descobri que a redondeza foi assolada por um grande terremoto em 2001. claro que mais do que rapidamente googlei informacoes sobre como a pessoa deve se proteger de um terremoto e, como dito acima, os lugares mais seguros de uma construcao sao os cantos internos das paredes, de preferencia, debaixo de uma mesa. proteger a cabeca com os bracos e ficar em posicao fetal tambem eh bom.

enfim, nao tinha mesa pra me esconder embaixo. fiquei encolhidinha no canto da parede esperando pelo "grandao" e olhando fixamente a janela, como que esperando que a qualquer momento ela se despedacasse e caisse. esperei, esperei, minutos que pareciam horas, as pernas tremendo, o coracao pumpumpum e nada mais aconteceu.

quando vi que dava pra sair caminhando sem me esborrachar no chao - as pernas, minha gente, as pernas! - desci para a recepcao (pelas escadas, claro, nao use o elevador em caso de terremoto) e perguntei "mister raguvir (o gerente do hotel no qual estamos agora), o senhor sentiu alguma coisa estranha nos ultimos, hmm, 10 minutos?". "nao, mam. por que?". "nada".

tenho certeza que meus olhos tavam do tamanho de umas laranjas porque mister raguvir insistiu e eu falei o que tinha acontecido. "nao se preocupe, mam, nao houve nada, deve ter sido sua imaginacao. alem do mais esse predio eh novo, nao tem nem um ano e foi construido de modo a resistir a terremotos (maximo de 2 andares, estrutura reforcada etc)."

ouquei. fiquei mais tranquila. continuamos a conversar e fiquei sabendo que o famoso terremoto de 2001 aconteceu numa linda manha de 26 de janeiro, em plena comemoracao da independencia do pais. mais de 100 criancas que participavam de uma parada morreram porque um predio desabou em cima delas. a contabilidade oficial fala de 19.727 mortos, 166.000 feridos e mais de 600.000 pessoas ficaram sem casas. o fato de que algumas construcoes permaneceram intactas apos o terremoto deixou claro que a baixa qualidade das construcoes so agravou a tragedia, tanto que o departamento de policia de ahmedabad (cidade proxima) registrou 37 ocorrencias de homicidios e conspiracoes criminosas contra construtores, arquitetos e engenheiros uma semana depois do ocorrido.

muito muito triste.
terça-feira, 15 de maio de 2007

. era pra ter um post aqui .

ja ta escritinho, mas nao vou publicar nao.
eh que eu to ficando velha e medrosa.
publico quando voltar pro brasil.
domingo, 6 de maio de 2007

. mudanca (de novo) .

mudamos de hotel.
o antigo preferiu ignorar mais de um mes de reclamacoes em relacao a conexao de internet porca que eles tem e a palha a mais que quebrou as costas do camelo foi uma teleconferencia que o A. tinha que participar. durante tres horas e meia o coitado ficou tentando adivinhar o que o povo tava dizendo do outro lado.

pausa explicativa: o hotel onde a gente estava hospedado nao fazia ligacao internacional. forcados pelas circunstancias, comecamos a usar o skype e, como tem funcionado muito bem (quando a conexao eh decente) e a um custo bem mais barato, viramos fas (efe, a, til, s - viu, gabia? haha).

voltando a vaca fria.
mudamo-nos ha dois dias e so hoje consegui desfazer as malas. nesse momento ta tudo mais ou menos em seus lugares, menos as minhas costas.

. da internet .

radio online onde voce escolhe a musica pelo estado de espirito:

Musicovery

mucho bom.
quinta-feira, 3 de maio de 2007

. "poeira fresca" .

karencita, taqui a foto da tal janela - que na realidade eh uma porta:


































clique na foto do meio que da pra ver as pegadinhas dos pombos alem das minhas.
quarta-feira, 2 de maio de 2007

. o deus elefante .

ouquei, ando de saco cheio de tudo aqui e reconheco que tenho andado muito amarga.
resolvi me perguntar, afinal, do que eu gosto aqui na india?

eu gosto do ganesha.


por que? nao sei. acho bonitinho, fofinho, alem de ser o senhor dos comecos, dos pensamentos, da sabedoria e tambem dos obstaculos. tudo a ver.

a historia dele eh cheia de detalhes, coloridissima, desde o seu nascimento, casamento e a razao de ter somente uma presa, mas a historinha que gosto mais eh essa:

ganesha e seu irmao subramanya discutiam sobre qual dos dois seria o mais velho. resolveram entao levar a questao para shiva (o pai de ambos). shiva lancou entao um desafio: aquele que der a volta ao mundo e voltar primeiro tera o direito de ser o mais velho.

subramanya montou imediatamente no seu pavao* e meteu o pe na carreira, apressado para dar a volta ao mundo. ganesha, entretanto, em amorosa adoracao, caminhando, fez uma volta ao redor dos pais e reclamou o seu premio.

shiva perguntou "amado e sabio ganesha, como eh que eu posso lhe dar o premio se voce nao deu a volta ao mundo?", ao que ganesha respondeu "nao, mas eu rodeei os meus pais. meus pais representam o universo inteiro manifestado".

a disputa acabou em favor de ganesha que foi declarado o mais velho e ainda ganhou uma fruta de sua mae parvati.

* o "transporte" de ganesha eh um rato.

. crescendum .

os casamentos agora estao invadindo o hotel!

hoje, por volta de meio-dia, uma banda - uma banda, minha gente! - adentrou o hotel rumo a um quarto, suponho, da noiva. como os musicos nao cabiam todos no elevador, vieram pela escada mesmo. alem do que, o elevador prejudicaria a filmagem. sim, teve filmagem e tudo. e gritaria e tudo que tem direito.

juro que meu saquinho ta por aqui.

o que desanima eh que esse eh *um dos* rituais do casamento indiano.
hoje a noite tem mais, mas dessa vez no lugar habitual - o jardim.

p.s.: como nem tudo nesse mundo eh ruim, hoje so faltou luz 3 vezes. aleluia.
terça-feira, 1 de maio de 2007

. home sweet home .

ja na ultima etapa da longa viagem de volta da china - 50km de carro de bhuj ateh gandhidham - resolvi tirar umas fotos pra que voce tenha uma ideia do lugar onde to morando.

perto da entrada da cidade:
mais perto...
ja dentro da cidade...
pra variar, um camelo...
e finalmente o hotel:
pera, nessa da pra ver melhor:
reparou que nao tem calcada em lugar algum?
que a rua nao tem pavimentacao?
nao da pra ver, mas, com excecao de algumas "avenidas", as ruas tambem nao tem iluminacao publica.

apareca qualquer dia pra tomar um chai*. mas avise antes. to ficando velha e cheia de frescura.

* chai: leite, acucar, folhas de cha e especiarias (cardamomo, cravo, gengibre, canela, erva-doce, entre outras) fervidos juntos. ateh gostosinho. muito melhor que o cafe misturado com chicoria.
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